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The dark (and not so tasty) side of the food pyramid....
Posted by Q.
on
23:31
Aldónio está....confuso. Aldónio viu Ti Chico Larilas no quarto de sua mãe experimentando o traje de mordoma que sua Dotília emprega na festa do santo de sua devoção. Aldónio está confuso. Viu Ti Chico ensaiando passos de dança e dizendo de si para consigo: "O senhor exagera. Há mulheres bem mais bonitas do que eu nesta festa." Houvesse psiquiatras (suspiro) e Aldónio era um dos que se inscrevia para passar uma temporada sentado num divã e a dizer que via coisas onde só existiam borrões de tinta. É certo e sabido que somos o que deixamos que os outros façam de nós, mas aquele encontro fortuito de Aldónio com Ti Chico marcará para sempre o petiz, e ele não teve voto na matéria. Ler, Aldónio precisa viajar para longe, fugir. Amarra o livro que tantos cachados do professor Matias lhe valerão "Vasco da Gama foi à India buscar caril para D. Manuel??? Safardanas, pensas que tens piada! Vou-te dar um murro nessa cabeça que, se tivesses chumbos nos dentes, eles caiam."
Amarra o livro, abre-o em página que o destino e o nervoso trémulo de suas mãos determinaram e ......
É um cortejo de gentes cansadas e derrotadas. Na parte de trás do cortejo estão as mulheres, as da vida e as que casaram com os homens que as precedem. Homens arrastados dos campos, ainda com as alfaias na mão, outrora usaram o gadanho para ceifar trigo, agora usam-no para ceifar vidas em outro campo . Dizem-lhes que lutam por sua indepêndencia. Na frente os nobres e os cativos de renome da batalha que há 3 dias findou no lugar de S. Mamede. Entre os que cavalgam, está D. Afonso Henriques, Egas Moniz, Gonçalo da Maia e D. Teresa de Leão, mãe de Afonso. É um cortejo de gentes cansadas e derrotadas "Agora vamos ter um pais que é nosso. Vamos ter independência. Ah, e tu também vais desempenhar um papel importante nele." é como quem diz "Agora é a mim que me dás o dinheiro dos impostos.A dobrar, que não há marca registada que se faça melhor pagar do que pátria™®."
Chega o desfile a Póvoa de Lanhoso, o ambiente é pesado. Afonso prepara-se para prender sua mãe no castelo, a mesma mulher que tinha sido regente do condado após a morte de Henrique.....
Caminha pesarosamente Teresa, cabisbaixos seguem os nobres atrás, sorridente encabeça Henrique o grupo.
"Deixem-nos uns momentos a sós. Há algo que tenho a dizer a minha madre."
Saem todos. Fica Henrique e sua mãe na cela onde viverá mais dois anos até morrer.
"Filho, percebo que não gostes que me tenha juntado a Fernão Peres, nobre galego, e que aquando dos teus dezoitos anos não te tenha dado o controlo do Condado como teu pai desejava, mas mesmo assim sou tua mãe. Há o respeito que me é devido e que leio na cara de todos teus nobres que esperam que tenhas para comigo.
"Farão o que lhes dizer. Não há bicho mais bem mandado que os nobres. Quando ao que lhe devo, creio que o povo que em breve governarei não é muito dado a saldar dívidas, logo, por uma questão de identidade nacional, continuarei a dever.... Erradas são vossas suposições sobre os motivos que conduziram vossos passos até este claustro."
"Como assim?"
"Chateou-me saber minha mãe amante de galego, meretriz ao serviço de Castela, custou-me ver negado direito legado a mim por meu pai em seu leito de morte, mas não é por isso que passará aqui todos os dias até ao fim dos que lhe foram destinados por deus nosso senhor. Está aqui porque quando eu era criança obrigava-me a comer sopa, a comer vegetais, não me deixava comer o que eu queria, me obrigava a tomar banho DUAS vezes por ano, quando todos os outros de minha idade tomavam banho apenas pela Quaresma e não me deixava ficar fora do castelo até tarde. Eu estou a concretizar a vingança que muita criança idealiza, mas a que a idade adulta tira fulgor. Idealizei este momento em cada garfada de bróculos, em cada ensaboadela, em cada noite que chegava ao castelo às 21:30 e nem um minuto mais tarde."
Roda a chave no ferrolho, Teresa sairá apenas deste claustro em 1130 em sobretudo de pinho. Até lá todos os dias comerá vegetais , todas as semanas lhe darão banho.........
Mais uma vez a história e estória se confundem na cabeça de Aldónio. Nada que uns cachachos bem assentes por mestre-escola não desambigue.....
Amarra o livro, abre-o em página que o destino e o nervoso trémulo de suas mãos determinaram e ......
É um cortejo de gentes cansadas e derrotadas. Na parte de trás do cortejo estão as mulheres, as da vida e as que casaram com os homens que as precedem. Homens arrastados dos campos, ainda com as alfaias na mão, outrora usaram o gadanho para ceifar trigo, agora usam-no para ceifar vidas em outro campo . Dizem-lhes que lutam por sua indepêndencia. Na frente os nobres e os cativos de renome da batalha que há 3 dias findou no lugar de S. Mamede. Entre os que cavalgam, está D. Afonso Henriques, Egas Moniz, Gonçalo da Maia e D. Teresa de Leão, mãe de Afonso. É um cortejo de gentes cansadas e derrotadas "Agora vamos ter um pais que é nosso. Vamos ter independência. Ah, e tu também vais desempenhar um papel importante nele." é como quem diz "Agora é a mim que me dás o dinheiro dos impostos.A dobrar, que não há marca registada que se faça melhor pagar do que pátria™®."
Chega o desfile a Póvoa de Lanhoso, o ambiente é pesado. Afonso prepara-se para prender sua mãe no castelo, a mesma mulher que tinha sido regente do condado após a morte de Henrique.....
Caminha pesarosamente Teresa, cabisbaixos seguem os nobres atrás, sorridente encabeça Henrique o grupo.
"Deixem-nos uns momentos a sós. Há algo que tenho a dizer a minha madre."
Saem todos. Fica Henrique e sua mãe na cela onde viverá mais dois anos até morrer.
"Filho, percebo que não gostes que me tenha juntado a Fernão Peres, nobre galego, e que aquando dos teus dezoitos anos não te tenha dado o controlo do Condado como teu pai desejava, mas mesmo assim sou tua mãe. Há o respeito que me é devido e que leio na cara de todos teus nobres que esperam que tenhas para comigo.
"Farão o que lhes dizer. Não há bicho mais bem mandado que os nobres. Quando ao que lhe devo, creio que o povo que em breve governarei não é muito dado a saldar dívidas, logo, por uma questão de identidade nacional, continuarei a dever.... Erradas são vossas suposições sobre os motivos que conduziram vossos passos até este claustro."
"Como assim?"
"Chateou-me saber minha mãe amante de galego, meretriz ao serviço de Castela, custou-me ver negado direito legado a mim por meu pai em seu leito de morte, mas não é por isso que passará aqui todos os dias até ao fim dos que lhe foram destinados por deus nosso senhor. Está aqui porque quando eu era criança obrigava-me a comer sopa, a comer vegetais, não me deixava comer o que eu queria, me obrigava a tomar banho DUAS vezes por ano, quando todos os outros de minha idade tomavam banho apenas pela Quaresma e não me deixava ficar fora do castelo até tarde. Eu estou a concretizar a vingança que muita criança idealiza, mas a que a idade adulta tira fulgor. Idealizei este momento em cada garfada de bróculos, em cada ensaboadela, em cada noite que chegava ao castelo às 21:30 e nem um minuto mais tarde."
Roda a chave no ferrolho, Teresa sairá apenas deste claustro em 1130 em sobretudo de pinho. Até lá todos os dias comerá vegetais , todas as semanas lhe darão banho.........
Mais uma vez a história e estória se confundem na cabeça de Aldónio. Nada que uns cachachos bem assentes por mestre-escola não desambigue.....
