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Condomínio Fechado (ou) o Sonho Húmido do Joãozinho
Posted by fractalview
on
15:05
Ponto prévio: A maior parte das histórias começa por "Era uma vez...". Neste blog, porém, as nossas histórias começam com nomes próprios, descrições de lugares, etc. Erudito, não é?Pois. Por isso, imbuído da filosofia do "Dar a outra face" (depois do post dos pastorinhos, achei melhor adoçar-LHE o bico), esta história, pequenina para não ferir ninguém, começará por "Era uma vez..."
Era uma vez uma família muito feliz que vivia na aldeia de Condomínio Fechado. O pai usava fato todos os dias, na empresa, e ia ao "ginásio" três vezes por semana. Lá, fazia exercício e mantinha a forma, usando a mais sofisticada tecnologia: a secretária. A mãe fazia yoga, acunpunctura e botava abaixo uns xanaxes com Moêt & Chandon para ajudar a descontraír do stress do trabalho de consultoria financeira.
Este felicíssimo casal tinha um filho: "Jó" para uns, "Jojó" para outros, o seu nome real era "Joãozinho".Com "inho". O Joãozinho tinha, aparentemente, tudo o que era necessário para ser feliz: a gama inteira de Playstations e PSPs, um plasma com acesso ao "Hustler" e outros que tais e a Academida de Ténis Condominiofechadense. Mas João não era feliz. Pelo contrário, vivia atormentado: habituado a uma rigorosa dieta de hamburgers, fécula de batata em forma de batata frita real, lasanha, pizza e Filipinos, sempre que a franja do cabelo teimava em sair da sua inclinação natural para o lado direito, um nadinha acima dos olhos, era ameaçado por sua progenitora com um ríspido "Esta noite vou dizer à Mariette para fazer peixe ao jantar". Aterrado, Joãozinho tinha um pesadelo recorrente no qual uma peixeira tocava à campaínha da moradia de 2 andares, anunciando: "Ó dona, hoje tenho faneca fresquinha, sardinha vivinha e carapau que ainda mexe!É só escolher, que é baratinho." Joãozinho parecia condenado a uma vida de sofrimento kafkiano.
(...)
É noite. O plasma emite imagens de corpos voluptuosos numa dança erótico-aeróbica acompanhada de gritinhos encenados. João está enterrado no sofá, mas as pálpebras começam a pesar-lhe...deixa-se deslizar para o limbo entre o sono e a "SIC Notícias", em cuja tecla carregara, na sua preguiça lânguida.
Algures neste sono, o milagre acontece. O Joãozinho que acordará não mais será um ser assustado e trémulo perante a ameaça pesqueira...em seu lugar, aparecerá o João: um beto como deve ser, confiante na sua preferência por muslitos do mar e sundaes de caramelo.
