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O início (ou) a [minha] busca do sentido da vida (ou) já que ninguém fala dos... [1ª parte] (e, também) o chourição que mudou o mundo!

Começo eu...





Ser conhecedor do que quer que seja requer um deslumbramento do sujeito perante o seu objecto de estudo e a paciência necessária para sondar as profundezas da sua fantasia, perscrutando os paladares inerentes da matéria em questão.

Ter uma visão aprofundada de determinado assunto convida a uma infinita procura da essência daquilo que se está precisamente a analisar.

Será esta curiosidade genética? Todos aqueles que obcecam por indagar aquilo que existe têm algum traço em comum?

Em tempos passados, em terras longínquas, na vida quotidiana, ia eu alegremente para a escola de lancheira na mão, vivendo os meus dias descomplexadamente. Por aquelas bandas, a rotina obrigava a uma única refeição por excelência, o jantar, que era demasiado cedo para ser considerado jantar e demasiado tarde para ser considerado um lanche (sobremaneira) reforçado.

Cumpria eu, também, o costume de me alimentar com algo leve ao almoço, uma vez que esta refeição era a menos importante naquela parte do mundo, sendo normalmente resolvido com dois pedaços de pão com algo no meio.

Ora, sendo de estirpe marcadamente lusa, nem nessas refeições de valor nutritivo duvidoso aceitava eu um mero fiambre banal entalado entre as minhas fatias de pão.

Era necessário algo mais…

Havia uma padaria portuguesa que fazia um denominado “papo seco”, pão de farinha de trigo, de proporções aceitáveis para um futuro membro do PDQC e de sabor incontornavelmente português. Ali ao lado, uma “loja de conveniência” (o store do sr. Eduardo – agora convertida em Bar & Grill, o que não me surpreende minimamente) vendia um enorme chourição picante, vindo directamente do interior centro português.

Agora, sim, estavam reunidas as condições essenciais necessárias para a resolução de tão grave enrascada.

Não esperava, contudo, a repulsa tão acentuada dos meus companheiros e amigos pelo cheiro tão característico e único deste enchido tão tipicamente português.

Aquelas idades são terríveis, e as coisas que são proferidas, mesmo por amigos a brincar, afectam o sujeito no seu íntimo e rapidamente põem em causa todo o seu ser. Embora hoje não me afectaria minimamente, a alcunha de “sausage man” naquela altura da minha vida fez mossa.

Porém, na primeira vez que trinquei este novo preparo lá na escola, as galáxias movimentaram-se em torno do seu eixo, as estrelas alinharam-se nas suas rotas, o sol irrompeu pelas nuvens daquela tarde de inverno, e de repente a vida já fazia sentido.

(Continua)

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