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Portugal?




Agora que estamos a braços com intervenções internacionais nos assuntos nacionais, penso ser uma altura ideal para parar, beber um copo e pensar no futuro.

Não me estou a referir a ponderar sobre todos os problemas económicos que assolam o povo e que o está a obrigar a um esforço de contenção de despesas que nós como um todo não temos capacidades culturais de equacionar. Refiro-me, sim, ao que se irá comer ao jantar durante este período assombroso.

Que justificação se poderá dar às divindades, perdão, entidades estrangeiras quando se verificar que mesmo sob a pressão gigantesca das suas medidas magnânimes, nós continuamos a preferir um bacalhauzinho assado na brasa com batata cozida regado com azeite e semeado com alho no lugar de pão e água? Espantar-se-ão ao ver-nos traçar uma chanfana de javali com um tinto a condizer em vez de caldo?

Sinceramente, não sei.

Mas de uma coisa tenho a certeza. Podem obrigar-nos a voltar aos nossos tempos da submissa ditadura, poderemos perder a casa, carro, e todo e qualquer conforto pessoal, poderão humilhar-nos por sermos incapazes de fazer contas para evitar gastar mais do que temos, mas eles nunca tirarão a nossa liberdade (de comer bem)!

Há uns anos na faculdade, quando ainda pensava que poderia ser escritor e/ou poeta, ideias que o tempo veio mostrar a sua cruel justiça e das quais já desisti, escrevi um poema que achava ideal para os dias que corriam, mas veio o tempo justificar a actualidade do poema agora mais do que nunca:


Portugal

Enquanto Camões sofre,
e a tua gente sente a saudade,
cega pelo apelo nobre,
sendo a vítima a verdade.

O teu passado partiu,
o teu orgulho ficou,
a tua vontade caiu,
o teu futuro?... Acabou?

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in memoriam

Posted by SomNaCaixa on 13:10


Remember me when I am gone away,
Gone far away into the silent land;
When you can no more hold me by the hand,
Nor I half turn to go, yet turning stay.
Remember me when no more day by day
You tell me of our future that you plann'd:
Only remember me; you understand
It will be late to counsel then or pray.
Yet if you should forget me for a while
And afterwards remember, do not grieve:
For if the darkness and corruption leave
A vestige of the thoughts that once I had,
Better by far you should forget and smile
Than that you should remember and be sad.


Christina Georgina Rossetti

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