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Aldónio, Darwin e IKEA (ou) o Regresso à Puberdade Bloguística

Posted by fractalview on 12:25
Começa este vosso escriba por apresentar as mais sinceras desculpas: não é de bom tom privar-vos durante tantos meses de uma escrita brilhante, apenas superada pela pena desse ícone do comentário desportivo, Rui Santos. Mas, sem mais delongas, aqui vai...


Está o jovem Aldónio onde o deixamos no último capítulo desta saga: em seu quarto, rodeado dos seus parcos haveres e de alguns livros encontrados numa arca pertencente a Ti Chico Larilas (soubesse Aldónio que ele próprio era fruto da fogosidade de Ti), deitado em sua cama ASPELUND do IKEA, montada por um tal de Q. (que havia fundado uma empresa de decoração, corte e costura e camisas aos quadrados) fitando o seu confidente de todas as horas, o tecto. Pegando num dos volumes poeirentos que deixara na mesinha de cabeceira ANEBODA, Aldónio sentiu que estava na altura de mergulhar fundo no imaginário do autor, um tal de Darwin, que se apresentava na capa com uma fotografia à-la-minuta que muito surpreendeu o nosso petiz.


"As relações geológicas que existem entre a fauna actual e a fauna extinta da América meridional, assim como certos factos relativos à distribuição dos seres organizados que povoam este continente, impressionaram-me profundamente aquando da minha viagem a bordo do navio Beagle 4 na qualidade de naturalista.
Estes factos, como se verá nos capítulos subsequentes deste volume, parecem lançar alguma luz sobre a origem das espécies - mistério dos mistérios - para empregar a expressão de um dos maiores filósofos.(...).


Aldónio sentia o vento nos cabelos, enquanto se sentava num dos rochedos das Galápagos. Não se lembrava de como havia ido parar a terra tão distante, mas sentia que algo despertava nele. Seria a mesma curiosidade que o seu companheiro de viagem, Darwin, sentia pela fauna local? Estranhava a quantidade de bichos desconhecidos que povoava a pequena ilhota, mas sempre se foi lembrando que na sua terra natal também havia um espécime que nunca tiha visto mas que fazia um estranho ruído ofegante, entrecortado por gemidos. Intrigava-o o facto de o dito animal só cantar quando sua mãe, Dotília, dizia que ia à venda, por lá ficava longas horas e depois voltava sem qualquer compra. Dizia ela, ruborizada, "É que encontrei Ti Chico Larilas no caminho e perdi-me a falar com ele."

Darwin aproximava-se, como um mestre que se prepara para falar a seu pupilo.

- Sabes, Aldónio, há já uns tempos que andava para falar contigo. Noto que andas agitado, que já tens um pequeno buço e que a tua voz mudou de gritinho de periquito para ronco de leão marinho. Isso são fases na idade de um jovem que indicam...

- Ó Ti Darwin, eu não sei onde isto vai, mas se é por causa daquele episódio em que eu espreitei pela escotilha dos seus aposentos e o vi a olhar para uma revista com animais que pareciam humanos, mas com peitos mais desenvolvidos, enquanto movimentava a mão de maneira estranha, não se preocupe. Eu posso ser saloio, mas sei muito bem que isso é um método científico muito em voga!

- Sim..pois, Aldónio. Mas não, não é isso, embora essa revista me tenha deixado saudades quando se acabou o papel de jornal nas latrinas. A questão é esta, Aldónio. Tu...tu sabes como vieste ao mundo?Tu conheces os...bem...os factos da vida?

Desconfiado, Aldónio reflectiu por um momento. Seria aquilo um teste para ver se o seu grau de cultura lhe permitia ser assistente de Darwin? Hum, era isso, sim. Mas como se havia de safar desta? Não fazia a mínima ideia da resposta, até porque sempre que perguntara à mãe Dotília como tinha aparecido neste Mundo, ela ria-se e dizia-lhe "Vai perguntar ao Ti Chico, que ele percebe mais disto do que eu!". Tinha que dar a volta à situação. Lembrou-se do passeio da escola, na 2a classe, em que tinha ido ao Jardim Zoológico de Nenhures. Lembrava-se de ter visto os macacos e..agora que pensava nisto, um deles estava a fazer o mesmo movimento com as mãos que vira Darwin fazer quando olhava para a revista. Decidiu. Este era o caminho.

- Ó Ti Darwin, atão não sei!?! Isto é assim: era uma vez um macaco. Esse macaco era muito esperto e lia tudo o que era revista científica. Um dia, encontrou um macaco maior, que lia ainda mais revistas científicas e ainda por cima era assinante da "Time". Pegaram-se à bulha e o grande ganhou. No dia seguinte, esse macaco foi à Fnac e viu outro macaco, a fumar cachimbo, com uma pilha de revistas científicas ao lado, segurando a "Time" numa mão e a "Maria" noutra mão. Além disso, via-se que este macaco fazia Pilates. Obviamente, esse macaco deu-lhe uma sova de criar bicho. E sempre assim até que a coisa deu nisto. Deve ter havido um avô macaco, que fez o meu pai macaco e que me fez a mim, visto que eu também me interesso muito por ciência, tenho aquela "Time" em que aparece o Obama e leio sempre o "Consultório Íntimo" da Maria. Além disso, ando a aprender a fazer aquilo com a mão.

Darwin estava estupefacto. Nunca tinha pensado nisto nestes termos, mas aquele pobre campónio, a quem ainda há pouco tentava dar umas noções básicas de biologia, genealogia e família, tinha-lhe dado a resposta a uma série de questões que há muito punha a si próprio.

"Não é tarde, nem é cedo, pá. Vou já escrever isto antes que me esqueça. Sempre quero ver como é que aquela gente de Londres vai refutar isto", pensou o biólogo.

Aldónio acorda, arfante, suado. Teria sido mais um sonho? Obviamente, mas ia ter que ir ao Dr. Rodrigues para ele lhe dar um chá de ervas, que isto já andava a acontecer vezes a mais. De repente, tomou consciência. Doía-lhe uma das mãos, como se tivesse andado a arrancar ervas uma tarde inteira. O seu pijama estava coberto de uma substância viscosa, assim como o livro que se abria, esquecido, ao seu lado. "Esta rinite alérgica", pensou Aldónio. "Já cobri o livro de ranho, e isto tudo enquanto dormia. Agora é que é. Vou ao Dr. Rodrigues e já agora peço-lhe um anti-alérgico. Pode ser que ele goste deste livro, por isso, limpo-o bem limpinho e ofereço-lho a ver se ele não me cobra a consulta".


1 Comments


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